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daniel melo

feira da cei: da eira à beira

/jul 2017

projeto Daniel Melo

imagens Daniel Melo e Rafael de Assis

Projeto participativo de requalificação para a Feira Central de Ceilândia e áreas públicas adjacentes.

 

Trabalho final de graduação (FAU/UnB) desenvolvido sob orientação da profa. dra. Liza Andrade junto ao 'Periférico - Trabalhos Emergentes', núcleo de extensão da FAU/UnB. — disponível na íntegra aqui.

O trabalho tem por tema a requalificação espacial do centro urbano de Ceilândia,  IX Região Administrativa (R.A.) do Distrito Federal — em específico, da Feira Central de Ceilândia e dos espaços públicos em seu entorno imediato. Busca-se investigar o potencial expressivo do lugar, tendo em vista sua posição central no conjunto urbano, a vocação de mercado regional que a Feira Central emana e o tombamento do monumento que representa a cidade — a Caixa d’Água. 


O objetivo é reunir, evidenciar e integrar os valores históricos e simbólicos presentes no centro e transformar a cena da cidade, ressignificando o lugar e conferindo-lhe identidade e valor de memória arquitetônica — da eira à beira, do pátio à cobertura, da edificação ao espaço público — a inserir-se no imaginário popular e no circuito turístico e cultural da metrópole Brasília

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Trata-se de um núcleo urbano disposto na periferia do Distrito Federal, à beira do Plano Piloto — cidade planejada para ser a capital do país. Ceilândia nasceu cidade-satélite sob o estigma de sua órbita, quando da remoção das vilas dos operários localizadas ao redor do Plano Piloto, coordenada pela Campanha de Erradicação de Invasões, iniciada em 1971, a qual as destinou para “não-lugares” desprovidos de quaisquer infra-estruturas. 


Nesse contexto, a Feira Central, originada em 1971, e a Caixa d’Água, inaugurada em 1977, são o coração da cidade - seu cerne, seu âmago, sua essência maior - sua eira. São, juntas, o pedaço da terra que representa um pátio na cidade; que corresponde ao centro não somente físico, mas também de significados regionais, históricos e culturais desde sua origem; depósito de mercadorias e reservatório de água que são também memória e cultura. 

A Feira Central consta entre as dez feiras do Distrito Federal pesquisadas pela Superintendência do IPHAN-DF consideradas espaços capazes de reunir significados e serem espaços de grande sociabilidade. O edifício que a abriga hoje, no entanto, não é capaz de expressar, fisicamente, tamanha referência cultural.

Por sua vez, a Caixa d’Água, em 2013, foi reconhecida como Patrimônio Histórico do Distrito Federal. Ainda que seja considerada o  cartão postal da cidade, o monumento, hoje, se encontra enclausurado por grades no terreno particular pertencente à CAESB: a comunidade não tem acesso ao seu maior símbolo, que acaba por se perder de vista entre as copas das árvores dos canteiros centrais das avenidas.


A importância do tema, no que concerne à identidade local e ao resgate desses “símbolos perdidos”, reflete na carência de espaços públicos de qualidade e, em consequência, nos dados socioeconômicos da cidade.  A transformação desses espaços simbólicos e historicamente importantes para a cidade podem melhorar o estilo de vida de quem mora na Ceilândia e melhorar a experiência de quem visita a cidade, no que concerne à paisagem,  ao conforto físico e à segurança. Ativar o uso noturno da zona central, promover espaços públicos confortáveis e condizentes às pessoas e atividades do lugar e reinventar a imagem do centro, colocando a cidade no circuito regional - e até mesmo nacional - são estratégias experienciadas com sucesso em diversas partes do mundo. 


Para tanto, o trabalho tem por guia algumas metodologias, dentre as quais: a análise de dimensões morfológicas do espaço; a linguagem de padrões de desenho, desenvolvida por Christopher Alexander; e a participação popular no processo de concepção do projeto.

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